quarta-feira, 24 de setembro de 2014

A Desmaterialização

Temos esta horrível tendência para materializar seja o que for, nem que seja o sentimento mais abstracto. Infelizmente o Amor não escapa à materialização. Por demonstração, insegurança, conquista ou simplesmente vontade, temos tendência em materializar o amor. Ao tratar-se de um sentimento, não deveria a sua demonstração ser suficiente? Um abraço, um beijo, um aperto de mão ou simplesmente uma troca de olhares? Infelizmente nos dias que correm se somos fieis ao sentimento puro e duro, arriscamos-nos a ser acusados de falta de romantismo. Sejamos honestos, todos recorremos à frase cliché do "Não é preciso nada, o importante é estar contigo". Será? E quando não há um "estar contigo" para oferecer?

A materialização do amor, não passa de uma granada à qual tiramos a cavilha e que guardamos gentilmente na mão esperando que não expluda brevemente. O problema da materialização é que estamos a associar sentimentos a objectos, que mais cedo ou mais tarde vão tornar-se memórias. Quando se tornam memórias...esquecer vai ser difícil, e pior que isso...dói!

Filosofias à parte, lá no fundo, concordamos que a materialização do amor é simplesmente...estúpida! Mas pior que a sua materialização, é a  desmaterialização do mesmo. Quando corre bem, recebemos presentes, quando corre mal, coleccionamos tralha. Surgem as preocupações do devolvo ou não devolvo, deito fora ou guardo. Em grande parte dos casos dá mesmo direito a tópico de conversa constrangedora, onde eventualmente alguém num tom falsamente inocente, vai puxar da frase cliché..."queres que te devolva?"

Às vezes arrependo-me de cair eu também, na resposta cliché do dizer sempre que não. Já perdi boas t-shirts à conta disso.

domingo, 21 de setembro de 2014

A Culpa é Tua!

Faça o que se fizer, para o outro, a culpa é sempre nossa! Eventualmente e já com o assunto fora do prazo e cheio de bolor, poderá haver um acordo numa culpa mútua.  Para a outra parte nunca damos o nosso melhor, nunca estamos suficientemente presentes e claro o típico "isto não está a resultar". A conversa é quase tão repetitiva, que poderiam existir até cartões ou CDs com mensagens pré-definidas, para se acabar uma relação com alguém.

Com o boom dos telemóveis, surgiram também novos motivos. Veja-se por exemplo o de não se mandar mensagens de texto suficientes ou  então o facto de não se fazerem chamadas telefónicas suficientes ou até mesmo de qualidade considerada digna numa relação. E não,  duzentas mensagens de texto por dia, não equivalem a uma chamada de qualidade. Malvados telemóveis!


Para um verdadeiro demagogo do amor, a culpa é sempre do lado que convém. Se estamos do lado de um..."a culpa não é tua!", se estamos do lado do outro... "a culpa não é tua!". Se estamos dos dois lados... "a culpa é dos dois!" e livramos-nos de ter que avaliar quem tem os melhores argumentos.


Para ti a culpa é minha, mas lá no fundo, cá para mim...a culpa é tua!